A descoberta há 20 anos dos efeitos terapêuticos da cetamina em transtornos psiquiátricos foi uma das maiores descobertas farmacológicas da psiquiatria desde o surgimento dos antidepressivos. Por meio de um mecanismo farmacológico diferente, a cetamina promove melhora dos sintomas depressivos, ideação suicida e outras condições psiquiátricas.
Uma falha nos níveis das monoaminas cerebrais é o que causa praticamente todos os transtornos de humor que alguém pode ter. As monoaminas em nosso cérebro são três: serotonina, noradrenalina e dopamina. Ou seja, um paciente com deficiência na regulação de uma ou mais dessas moléculas neurotransmissoras pode desenvolver depressão, ansiedade, pânico, estresse pós-traumático, transtorno obsessivo-compulsivo, fobia social, dor crônica, distúrbios do sono etc.
Os antidepressivos que surgiram a partir da década de 1950 (e hoje temos cerca de 50 deles disponíveis no mercado) possuem um mecanismo de ação similar: agem diretamente nas monoaminas, seus receptores ou vesículas de regulação nos espaços entre um neurônio e outro (chamada fenda sináptica). Por isso, não devemos associar mais do que dois (ou no máximo três) antidepressivos para o tratamento do mesmo paciente. Isso se dá pelo fato de todos os antidepressivos agirem de maneira semelhante no mesmo alvo terapêutico e pode ocorrer uma exacerbação na interação medicamentosa entre esses fármacos.